Alterações em carapaça e plastrão
Author: Jabuti e Cia
Pessoal,o texto que se segue é de autoria do Dr. Alexandre Pessoa, do site Animal Exótico...para quem se interessa por um texto mais científico,fala sobre ferimentos no plastrão.Mais no site :
Uma das alterações mais comuns verificadas na clínica de quelônios são as alterações traumáticas de carapaça e plastrão.
Estas alterações variam desde mordidas de outros animais como cães, gatos e animais selvagens, até atropelamentos por carros, motos, bicicletas e quedas.
Na Universidade da Flórida, a cada três consultas em quelônios, aproximadamente um animal era trazido ao hospital por alteração traumática na carapaça e/ou plastrão. Conforme a gravidade do caso, necessita-se de anestesia geral geralmente inalatória com isoflurano, instrumental cirúrgico adequado para suturas em tecidos moles (oftálmicos), medicamentos antibacterianos para limpeza das feridas, pomadas cicatrizantes, bandagens cicatrizantes especiais e medicamentos injetáveis como antibióticos e analgésicos. Em alguns casos, dependendo da extensão do trauma, opta-se pela realização de exames laboratoriais como cultura para bactérias e antibiograma. Um exame clínico minucioso deve ser realizado em um paciente com alteração da carapaça e/ou plastrão.
Em alguns casos o animal que é trazido pode apresentar choque, hemorragia interna e contusão pulmonar.
Como os quelônios não possuem diafragma e devido ao fato dos músculos esqueléticos do gradil braquial mais a movimentação dos membros auxiliarem na respiração, o processo respiratório nestes animais tão interessantes continua normalmente, mesmo que haja uma fratura completa da carapaça.
Podemos concluir então que a pressão negativa que existe dentro da carapaça não precisa ser restabelecida.
Nos casos mais graves considerados emergências, os animais são trazidos com grande perda sanguínea causada pelo rompimento de vasos sanguíneos. Esta hemorragia deve ser controlada ligando-se os vasos rompidos com fio de sutura apropriado, eletrocauterização e nos casos mais brandos uma pressão leve com gaze estéril, pode ser o suficiente para conter o sangramento.
Nunca se deve esquecer que a reposição de fluidos e eletrólitos, alimentação forçada através de tubos ou sondas esofágicas e temperatura ambiente adequada podem ser requeridas.
Radiografias dorso-ventrais, latero-laterais e antero-posteriores ou crânio-caudais são essenciais para a avaliação precisa da extensão da lesão na carapaça e no esqueleto apendicular. Neste meio diagnóstico encontramos fraturas de coluna que causam paresia ou paralisia completa dos membros posteriores. Nestes casos o prognóstico é pobre. A avaliação da ferida deve ser a mais precisa possível.
As fraturas mais recentes podem estar contaminadas e não infectadas. Nestes casos como primeiro recurso, lavar a ferida copiosamente com solução salina estéril é um primeiro passo.
As feridas de muitas horas já estão infectadas e devem ser tratadas com medicamentos adequados antes de qualquer outro procedimento. Dependendo do caso utilizo desde pomadas antibióticas até debridação local com retirada dos fragmentos da ferida com instrumental cirúrgico odontológico e posterior aplicação de antibióticos de amplo espectro. As feridas já limpas devem ser cobertas com gaze, esparadrapo e/ou bandagens elásticas.
O próximo passo talvez não seja o mais delicado, mas é imprescindível conhecer a técnica para a reconstrução da região fraturada com resinas. Nas restaurações, se assim posso dizer, tenho utilizado um produto acrílico auto polimerizante em conjunto com mantas utilizadas em pranchas de surf.
O polímero Metil Metacrilato que utilizo é bem estável quando se utiliza a diluição correta do pó com o catalisador. A mistura pode ficar mais líquida ou pastosa de acordo com a proporção utilizada. Costumo refazer ou trocar a restauração a cada seis meses nos indivíduos jovens, enquanto que nos adultos a mesma poderá permanecer indefinidamente. O médico veterinário deve sempre utilizar máscara na hora de lixar o reparo para o acabamento final.